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O Comboio Apitou 3 Vezes

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FILMES QUE EU AMO / sessão 16 1.   DOBRAGEM OU LEGENDAGEM? Portugal conheceu os malefícios da censura durante mais de quatro décadas, mas livrou-se de uma maleita ainda mais grave, a dobragem, o que aconteceu na vizinha Espanha com efeitos muito mais perversos do que os que sentiram os espectadores portugueses. Vamos por partes. Como funcionava a censura em Portugal, no campo do cinema, reduzindo o mecanismo às etapas essenciais: um filme era importado pela distribuidora, chegava a cópia, eram traduzidos os diálogos, depois a cópia e a lista de diálogos eram enviados à censura, e esta podia proibir na totalidade a exibição do filme, ou cortar cenas, planos ou diálogos. Também podiam autorizar sem cortes. Acontecia. Se o filme era proibido, devolvia-se a cópia, e terminava o processo. Se era cortado, a distribuidora executava os cortes, imprimia os diálogos restantes, e o filme seguia para estreia. Se os cortes eram apenas nos diálogos, por vezes mantinham-se as imagens e

Chinatown

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FILMES QUE EU AMO / sessão 15 1.   RECORDANDO O ESTÚDIO APOLO 70 “Chinatown” foi um dos filmes estreados no Estúdio Apolo 70, precisamente a 20 de Dezembro de 1974. Esta sala de cinema teve durante duas dezenas de anos um papel preponderante, no nosso país, no lançamento de obras essenciais da cinematografia mundial, bem assim como de alguns títulos portugueses. Antes do 25 de Abril de 1974 julgo que manteve uma programação de grande qualidade revelando tanto obras de autores consagrados, como de estreantes que prometiam muito, ou filmes de cinematografias pouco conhecidas entre nós. Não era a primeira sala estúdio em Portugal, pois antes já se tinham inaugurado o Estúdio do Império e o Satélite, ligado ao Monumental, mas era a primeira que se anunciava dirigida por um crítico de cinema, então a escrever diariamente no “Diário de Lisboa”. O Estúdio Apolo 70 pertencia ao grupo Lusomundo, que algum tempo antes começara a ter como administrador e director o tenente coronel Luí

Cavalgada Heroica

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FILMES QUE EU AMO / sessão 14 1.   As Quinzenas do Bom Cinema Primeiro os lugares comuns, que por serem comuns não deixam de ser verdadeiros. A) John Ford é um dos maiores cineastas de sempre e um dos que melhor interpretou a noção de clássico. B) Foi o autor que mais e melhores westerns realizou ao longo da sua vasta carreira. Posto isto, falaremos de “Cavalgada Heroica” mais adiante e fiquemos pelo western como género. Um dos que maiores prazeres me ofereceu ao longo da vida. Hoje o western só aparece esporadicamente, mas durante muitas décadas ele foi rei e senhor das plateias. Era o filme de acção por excelência. Ricos e pobres, intelectuais e populares não perdiam o seu western, que começara ainda no mudo por ser filme de cowboys, com bons e maus vestidos de branco ou de preto para se distinguirem nas cenas de pancadaria. Depois veio o som e a complexidade das intrigas, começaram a discutir-se grandes temas, sociais, políticos, racistas, etc., e John Ford teve um pap

Quo Vadis

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FILMES QUE EU AMO / sessão 13 1.A PÁSCOA NO CINEMA Há tradições e tradições. Umas abomino-as. Outras acho-as sugestivas. Uma tradição, por si só, não vale nada. Cada tradição tem de ser avaliada pelo que transporta consigo. Vem isto a propósito de uma tradição que existia, primeiro nas salas de cinema, depois nos canais de televisão, de programarem filmes mais ou menos bíblicos na época da Páscoa e obras de cariz natalício na quadra respectiva. Uma tradição que se foi perdendo e que me causa alguma pena. Talvez por eu ter uma formação de História e por esses filmes abordarem temas que, muito embora com grande “liberdade poética”, falam de um período interessante desse ponto de vista e que nos diz muito, cristãos ou não cristãos.   Quando era jovem, não perdia as estreias ou as reposições de grandes clássicos na Páscoa. Depois, fui sempre acompanhando com interesse as novas interpretações e desenvolvimento que o tema mereceu. Desde muito cedo que a vida de Cristo inter